(nota escrita pelo jornalista Carlos Primo Vaz, publicada no final de 2009 na revista Praticando Capoeira 44)
O compositor e escritor carioca Nei Lopes desenvolve um trabalho de grande envergadura com a cultura de matriz africana no Brasil. Na obra “Dicionário Literário Afro- Brasileiro”, Lopes coloca à disposição do público um dicionário “literário porque trata de Literatura, e afro-brasileiro porque trata de assuntos relativos aos negros no Brasil”, em suas palavras na introdução da obra. Mas adverte que não é um dicionário que se ocupe da literatura produzida pelos brasileiros descendentes de africanos, apenas.
Esta obra de referência colabora (com a rigorosa pesquisa realizada na sua elaboração) para estabelecer parâmetros que caracterizem uma literatura de origem negra no Brasil e que trate dessa temática. Também na literatura, aquilo que o negro produz tende a ser esteriotipado e taxado de marginal, assim como aconteceu com o samba e a capoeira, por muito tempo incompreendidos e sujeitos à repressão.
Além de Machado e Lima Barreto, nos verbetes, encontram-se Mário de Andrade, “o mulato envergonhado”, e também Paulo Leminski que, “com ancestrais negros e poloneses, reivindicava-se afrodescendente”. A carta de Henrique Dias, combatente negro, ao rei de Portugal (escrita em 1º de agosto de 1650) é citada como o documento fundador da literatura afro-brasileira.
Nei Lopes é bacharel em ciências sociais e é ligado às escolas de samba Vila Isabel e Acadêmicos do Salgueiro, no Rio de Janeiro. Como pesquisador de cultura africana e brasileira, escreveu mais de 20 obras, entre elas: O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical e Partido-alto, samba de bamba. Gravou o primeiro disco em 1980: A arte negra de Wilson Moreira e Nei Lopes. Ligado às novas tecnologias, tem o blog Meu Lote, no endereço http://www.neilopes.blogger.com.br/.
Dicionário Literário Afro-Brasileiro – Editora Pallas, 168 páginas, 1ª edição, 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário