Precisamos de uma cidade em que seja possível deslocar-se em intervalos aceitáveis, de forma segura e eficaz. |
O estímulo ao consumo na política econômica do país fez do automóvel um bem mais acessível. Com a renovação da frota, vieram veículos mais adaptados às normas de segurança, economia de combustível e emissão de poluentes, algo positivo. Contudo, o trânsito na cidade de São Paulo não se mostrou muito preparado para o aumento no número de veículos em circulação nas ruas.
É fundamental que haja destaque para políticas que valorizem o transporte público, até mesmo para o uso racional do automóvel pela cidade.
O valor pago por uma passagem de ônibus, trem ou metrô pode parecer um tanto elevado, em vista do serviço prestado. Nas horas de pico, a situação é calamitosa: trabalhadores e estudantes se empurrando de forma animalesca para embarcar e se acomodar, pois não há o fluxo necessário de transporte para atender a todos com dignidade.
Horas oportunas para a ocorrência de furtos, e abuso de mulheres (levando, neste caso último, a alguns pensarem no 'vagão rosa', algo que reforçaria segregação e preconceito, em vez de solucionar a questão nos trilhos).
Mesmo em horários em que congestionamentos parecem impensáveis, o trânsito em São Paulo apresenta seus problemas, gerando estresse e prejuízos com a perda de tempo. Abordagens violentas de assaltantes a motoristas são frequentemente relatadas, nos casos em que o trânsito pára e os marginais aproveitam para agir impunemente, se esgueirando por acostamentos e becos.
É ainda cedo para medir impactos positivos das ciclovias na fluidez do trânsito, e também para saber se pilotar bicicletas na cidade é seguro e prático, em meio a uma cultura automotiva que sempre privilegiou o carro. Sem falar em pequenos criminosos, que "crescem os olhos" nas "magrelas" e as "tomam dos boys" sem cerimônias, furtando-as quando estacionadas (há nas ruas verdadeiros experts em abrir trancas e cadeados) ou com violência, quando estão em posse do dono.
A redução de velocidade nas Marginais, na 23 de Maio e em outras importantes vias da capital é uma tentativa de se reduzir o número de acidentes viários. Dados iniciais indicam que o trânsito também flui 10% melhor após a medida. Parece contradição: velocidade limite diminúida, fluidez aumentada. Isso é bom, contudo melhor seria uma análise mais detalhada do que se objetiva, em que surjam medidas abrangentes e não apenas pontuais, em prol do respeito, educação no trânsito e conscientização.
O cidadão e contribuinte tem o direito de ir e vir, e ser tratado com dignidade. A mobilização social é indispensável (lembremos da dimensão daquilo que o Movimento Passe Livre em tempo recente alimentou). O debate público de idéias e propostas deve acontecer, de maneira interdisciplinar. É preciso que ações coordenadas envolvam toda a Região Metropolitana (como o Bilhete Único, que ainda pode avançar bastante) para que se encontrem as soluções que importantes questões merecem, tendo o devido apoio do poder público, nos variados níveis e esferas.
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