quarta-feira, 7 de agosto de 2013

ALÉM DO ESCONDERIJO


Percebera, de repente, que os pesados óculos distorciam a visão e os atirou longe. Os contornos ficavam mais nítidos, de forma gradual se fixavam. Observava os rabiscos aparentemente sem sentido anotados em seu caderno, e ainda em letargia desvendou o emaranhado.

Realmente, valera a pena todo o esforço para alcançar a conquista. Tudo agora fazia sentido. Tinha apenas confiado nesta possibilidade e agora a nova condição adquirida lhe dava mais coragem.

Era preciso algum preparativo para sua missão prosseguir com êxito. Permanecer no isolamento já não era necessário. Havia de caminhar entre névoas e poeiras antes da permissão para dizer algo a ela. 

Além do esconderijo, a luz do sol brilhava entre as nuvens, alegrando a superfície da lagoa que em silêncio a refletia. 

Seu entusiasmo crescia com a liberdade. Cantarolou uma cantiga infantil e seguiu renovado pelos tantos privilégios que a natureza lhe concedia. Abriu os braços e olhou esperançoso para os céus.

foto: www.morguefile.com

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